Opinião

O bipartidarismo

1. “Lá fora”
As eleições autárquicas confirmaram o erro dos que vaticinaram o esmirrar do PS após as legislativas de maio 2025. O PS demonstrou ser uma grande força da Democracia. Os maiores números de câmaras, de eleitos para as Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia estão divididos entre o PS e o PSD. Em algumas grandes autarquias do País só o bipartidarismo pode viabilizar a governação. O PS e o PSD são “as válvulas de segurança” do regime democrático. 
Nas eleições para a Assembleia de República (AR) de 2025, o Chega ganhou em 60 concelhos. Anunciou, arrogantemente, uma meta de 30 câmaras. Teve três, ou seja, 50% das ganhas pelo CDS e 25% das do PCP. A extrema-direita populista é a grande derrotada. O País rejeitou a charlatanice política da conquista de Sul para Norte, “berrada” por Ventura. Os seus candidatos revelaram o tipo de recursos humanos que abundam no partido da vozearia e fanfarronice política, a par de outros comportamentos não recomendáveis... No entanto, os democratas precisam governar bem, impedindo sonhos tenebrosos da mudança de regime, ansiada pela extrema-direita saudosista dos 48 anos de fascismo. 

2. “Cá dentro”
Em maio, nas eleições para a AR, o PS/A não teve bons resultados. Agoirentos e afins ansiavam pelo declínio geral dos socialistas açorianos. Francisco César tem um ano de mandato iniciado num período difícil. Apesar disso, primeiramente, sendo mérito dos candidatos do PS às autarquias, o facto é que, hoje, os mais de 49 mil votos no PS açoriano fazem a diferença face aos 47 mil votos do PSD, mesmo coligado.  O PS/Açores é o partido mais votado na Região e, individualmente, tem mais câmaras e mais mandatos nas vereações e Assembleias Municipais. É uma grande implantação autárquica em todas as 9 ilhas e um sinal claro de que o PS é a única alternativa credível ao PSD. Bolieiro tentou esconder a vitória amarga derivada do declínio do PSD em Ponta Delgada e a inédita falta de candidato no Corvo.  Ontem na ALRAA, falou da “humildade” e de si próprio na 3ª pessoa (!!!?). Misturou as autárquicas como votos no projeto governativo. Tem maus resultados na SATA, nas dívidas a empresas, nas Finanças Públicas e em indicadores sociais.  Na ALRAA nada disse. Todos os dias empresas dizem que há atrasos de 2 e 3 anos em pagamentos do Governo. Bolieiro vive em negação e fala em economia robusta!? Queixa-se de “mal dizer” quando os problemas da Região são do seu “mal fazer”. Bolieiro “estigmatizou” o PSD em 2020. Só vale coligado e, por nunca ter alcançado uma maioria estável, sobrevive “pendurado” nas coligações. Nesta legislatura, só resiste com o apoio do Chega. Preferindo essa solução, sempre deu um mau sinal à Democracia e acabará sem entender o valor do bipartidarismo. 

PS: Em 13 de outubro passaram 29 anos da primeira vitória do PS/Açores na Região. Os socialistas governaram até 2020, sempre com estabilidade. Desde 2020, Bolieiro não pode dizer o mesmo, pela sua falta de credibilidade política que está a definhar os Açores.